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Considero que a espiritualidade esteja relacionada com aquelas qualidades do espírito humano, tais como amor, paciência, tolerância, renuncia, contentamento, noção de responsabilidade e de harmonia que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros.
- Audinice Bortoleti Pereira

ULYSSES CLÁUDIO PEREIRA, UM EXEMPLO! - Por Diego Garcia Leite

"Pensar é criar imagens, é conceber ideais, é construir para o presente e para o futuro"

Ulysses Cláudio Pereira conheceu o Racionalismo Cristão na Filial Dracena(SP), transferiu-se para a de Marília(SP), de lá foi para a de Santos(SP), onde exerceu a presidência por 23 anos, e está de volta à Filial Dracena.

Ulysses, recentemente homenageado pela Casa Chefe com o título de membro honorário, fala sobre seus 46 anos no Racionalismo Cristão e lembra que muito lhe valeram os conselhos de José Ferreira da Costa para que estudasse profundamente a Doutrina. Deixa uma mensagem de otimismo e confiança e garante que trabalhará para a Doutrina sempre que solicitado, enquanto tiver um corpo físico e mesmo depois.
Referindo-se ao jornal A Razão, aconselha:

"Procurem informar-se, através desse jornal, que traz nas suas páginas ensinamentos, conselhos, orientações úteis. O espírito, sequioso por saber, está sempre investigando, e, quando pega um exemplar de A Razão, está sendo informado em primeira mão de assuntos belíssimos".


Diego: Como foi seu trabalho na Filial Santos?

Chegando à cidade, arrumamos as malas e ajeitamos a mudança. Com a família aconchegada, fui à procura da Casa Racionalista Cristã, assisti às sessões e depois voltei à procura do presidente para conversar com ele sobre meu alistamento.

É uma honra, uma grande alegria, uma imensa satisfação poder estar em condições de dar a esta querida Doutrina tudo que é necessário para o esclarecimento da humanidade. Esclarecer a humanidade não é tão fácil como parece, tudo é difícil, tudo se torna aparentemente impossível, mas sabemos que o impossível também não existe.

Feliz da criatura que adentra a essas Casas com a intenção de aprender! Eu mal sabia que mais tarde viria a ser presidente... Esse trabalho foi lindo. Naquele ambiente encontrei uma equipe de companheiros abnegados, cuidando do aspecto material e da parte espiritual com desprendimento, não misturando uma coisa com a outra, sempre fazendo as coisas dentro da sua área e da possibilidade de ser realizada.

Dessa forma, fomos reformando aquele prédio, fazendo aquilo que era preciso ser feito, e os anos foram passando. Quando dei por mim, havia 23 anos eu estava eu lá como presidente.

Aí veio o meu problema: a doença de Parkinson. Precisei afastar-me e pôr um companheiro no meu lugar, o Sr. Haroldo Ribeiro Reis. Tenho que agradecer àqueles companheiros maravilhosos que lá continuam trabalhando todos os dias nas sessões; as portas estão abertas nos horários certos, dando a quem não sabe a oportunidade de aprender alguma coisa para seu bem-estar espiritual.

Naquela época o que o sr. achava da Doutrina?

Achei importante desde o momento em que cheguei, porque é uma filosofia diferente, fala de maneira diferente, não interfere na vontade do ser humano, não obriga ninguém a nada; é uma Doutrina livre e, dentro de sua liberdade, tem que dizer a verdade com clareza e com expressão altamente espiritual.

Trata-se da vida espiritual cientificamente, não se pede nada a ninguém, nem aos deuses nem aos espíritos. Deve-se aprender a agir e ter confiança, ter decisão e liberdade para expor seu ponto de vista quando for necessário. Assim é que eu observo a Doutrina.

Durante sua militância no Racionalismo Cristão, ocorreu algum fenômeno físico ou psíquico em sua vida?

Um fenômeno antes de começar na doutrina: aqui em Dracena tive um sonho e nesse sonho estava eu voando, via perfeitamente as pessoas na rua, lá embaixo, ouvia o som das vozes e, no outro dia, indo para o trabalho, na rua via as pessoas todas bonitas, não havia pessoas feias, as casas de tábuas todas luminosas, lindas; as criaturas sorridentes, uma criança, um adulto com sua família, a cidade inteira estava naquele ânimo, naquela beleza.

Então pensei como seria a vida do ser humano se fosse desenvolvida nesse aspecto, dentro de um aspecto virtuoso, elevado, cientificamente falando. A criatura pode ser feliz.

Felicidade completa não existe, o que existe é a felicidade relativa, mas mesmo que seja relativa já é importante para dar ao espírito encarnado condições de escapar das misérias implantadas na Terra pela ignorância dos porquês da vida espiritual.

Um fenômeno depois de começar na Doutrina: ocorreu na cidade de Marília. Considero fenômeno porque o assunto foi muito importante. Um dia, na sessão pública, a porta ficou desocupada porque a pessoa que deveria ficar lá [teve de se] recolher para a mesa para compor a corrente, pois faltava uma pessoa. Entrou um homem totalmente embriagado.

Recolhemos esse homem e o pusemos na "cadeira própria para pessoas obsedadas". No desenrolar da sessão, quando lhe ofereci água fluida, ele dizia: "eu quero é pinga... Você não tem pinga aí?"

Acabou a sessão e tudo havia se normalizado com aquele homem. Dona Augusta Ferreira da Costa disse: "esse não vem mais aqui".

Respondi: "a senhora esta enganada!...na próxima sessão ele estará aqui". Na sessão seguinte, para mim não foi surpresa. Abriram-se as portas e o rapaz entrou todo bonitinho, limpinho, vestido de terno branco. Sentou na ala do público e assistiu a toda a sessão.

Esse foi um fenômeno que achei danado de importante e que serve para mostrar à humanidade que, como existe o inferior também existe o superior, e nós somos subjugados por um ou por outro. O moço, sem conhecimento, estava subjugado pelo inferior; quando se limpou psiquicamente, tomou conta de sua vida, foi trabalhar e não mais faltou às sessões.

Um fato marcante na sua trajetória pelo Racionalismo Cristão.

Foi no atendimento na Filial Santos. Vieram uma senhora e o esposo. Ela queria ficar grávida, já havia recorrido à medicina de várias maneiras. Há pouco tempo eu tinha lido num boletim que o Papa havia sido alimentado com geleia real e seu organismo se fortaleceu.

Sugeri a essa senhora que fizesse uso e experiência da geleia real. Grande foi minha alegria quando ela voltou para contar que estava grávida e mais tarde trouxe o filho para eu conhecer; hoje já está um rapaz.

Outro fato importante ocorreu em Dracena, há uns 40 anos. Saí à calçada e nela estava caído um homem. Não estava totalmente embriagado, era um ataque epiléptico. Elevei o pensamento em silêncio. Em pouco tempo ele bateu diretamente a mão no chão, pôs-se de pé, sacudiu a poeira da roupa e saiu andando. Tive a comprovação do que é o pensamento em ação para o bem ou para o mal.

Como foram seus primeiros anos na Doutrina?

Foram ótimos, normais. A maior emoção que tive na Doutrina foi quando me passaram a presidência da Casa Racionalista de Santos, berço da Doutrina na Terra.

Tudo foi desempenhado com naturalidade porque nós nunca estamos sozinhos; estamos acompanhados por amigos que se interessam pelo nosso ponto de vista e também acompanhados pelos que trabalham na invisibilidade procurando pôr as coisas nos devidos lugares. E quando se está com a chama acesa no bem-querer, na ternura para com o próximo, tudo é possível.

Quando a Doutrina precisar de mim seja em que aspecto e sentido que for aqui estando e podendo me movimentar, lá estarei.

Como está sendo seu trabalho na volta à Filial Dracena?

Para a Doutrina não há distância nem canseira, tudo pode ser realizado no momento certo; onde for exigida nossa presença, lá estaremos; mesmo sem o corpo físico estaremos em pensamento porque sabemos que o pensamento é um poder espiritual. Pensar é criar imagens, conceber idéias, é construir para o presente e para o futuro.

Além de tudo que o senhor construiu e fez pelo Racionalismo Cristão, diga o que mais gostaria de realizar e se é possível ao senhor ou àqueles que estão à frente da Doutrina?

É possível a mim e àqueles que estão à frente da Doutrina porque, como a morte não existe, hoje estou aqui como Ulysses, amanhã poderia estar aqui como Pedro ou João.

Enquanto tiver este corpo, defenderemos e serviremos a Doutrina como Antônio Cottas disse certa vez na Sede-Mundial, e assim devemos compreender: desaparece a vida física, continua a vida espiritual; essa tem mais campo para trabalhar, o trabalho é mais amplo, mais profundo, mais rápido, mais objetivo porque não tem obstáculo, não tem distância, não tem frio, não tem calor, não tem fome, não tem sede.

Fonte:

Jornal A Razão: